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Cinema

“Netflix da diversidade”, Afroflix dá voz a atores e cineastas negros

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    "Netflix da diversidade", Afroflix dá voz a atores e cineastas negros
    Cena do curta “Mwany”, do diretor Nivaldo Vasconcelos, disponível na Afroflix

     

O filme “Rio da Fé”, sobre a festa popular do Divino em Rondônia, é a produção favorita da cineasta carioca Yasmin Thayná na plataforma Afroflix, criada por ela em maio deste ano. “Mas a gente chama de ‘a’ Afroflix. No feminino”, frisa.

O curta de Andréia Machado é uma das cerca de cem produções de dez Estados brasileiros disponibilizadas gratuitamente via streaming pelo site. O nome da plataforma adianta o pré-requisito: para fazer parte do catálogo, todas as produções devem ter participação de pessoas negras na direção, na atuação, no roteiro ou em pelo menos uma área técnica.

Em sua maioria independentes e fora do circuito comercial, os filmes são redirecionados de sites como YouTube e Vimeo e são, em grande parte, curtas de ficção, documentários, programas, longas, videoclipes, séries, videoclipes, videologs e produções experimentais. As produções são enviadas a uma comissão avaliadora do site composta por Yasmin e outras cinco mulheres afrodescendentes, que irão checar o cumprimento dos requisitos. Não há remuneração para os realizadores.

Reprodução/Facebook

"Netflix da diversidade", Afroflix dá voz a atores e cineastas negros
A cineasta carioca Yasmin Thayná

Yasmin, que tem 23 anos e é estudante de comunicação social, conta que a ideia veio após uma pesquisa para seu curta “Kbela” (2015). A história de afirmação autobiográfica, inspirada no dia em que decidiu para de alisar o cabelo, resultou em um fato material.

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“Decidi criar um blog para organizar e redirecionar tudo em que me inspirei e que já estava na internet. Chamei uma programadora e uma designer para criar o site e cheguei ao nome. Botamos na internet, e acabou virando uma coisa maior”.

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Caminho longo

Para cineastas que participam da Afroflix, só o fato de a plataforma existir, dando voz a negros e mulheres, já é em si um ato de resistência. Se é raro ver um diretor ou ator negro em papel de destaque em filmes nacionais, iniciativas como essa e o Centro Afro Carioca de Cinema são igualmente pontuais.

“Em um país onde o cinema negro não é considerado no momento de elaboração das políticas públicas para o audiovisual, onde a nossa existência e resistência é pautada apenas por nós, realizadores negros, a Afroflix é um oásis”, diz a cineasta baiana Viviane Ferreira, diretora de “O Dia de Jerusa”.

“Para mim, a plataforma só será realmente importante quando se profissionalizar e se tornar uma ferramenta como a Netflix, em que os clientes pagam mensalidades e os filmes exibidos são protegidos com licenciamentos devidamente remunerados”, entende a diretora, roteirista e produtora carioca Sabrina Fidalgo.

Fila

Na fila da “Afrolix” estão cerca 500 produções aguardando aval. A segunda leva de filmes deve chegar à plataforma em breve, com diretores de mais Estados. “Existe há muito tempo uma produção brasileira incrível, feita por pessoas com origens e olhares diversos, assim como o que tivemos no nosso no ‘Kbela’. Percebi que as pessoas queriam saber quem fazia esse tipo de cinema.”

Na plataforma, há filme interessantes sobre os bastidores do primeiro espetáculo de funk realizado no Theatro do Municipal do Rio (“Batalhas”, dirigido pela própria Yasmin); sobre a tradição do Congo no Espírito Santo (“Congo – A Voz do Tambor”, de Guilherme Lassance); e sobre o intenso caso de amor interfacial entre duas jovens de São Paulo (“SÓN”, de Juan Contador).

“Se a gente olhar para o Brasil, vamos ver o quanto somos negros, talentosos e potentes. Querendo ou não, nossa cena cultural é negra e feita por negros. O que falta é oportunidade, distribuição e narrativa positiva sobre essas pessoas.”

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