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Televisão

Julianne Moore vive linguista com mal de Alzheimer em Para Sempre Alice

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Ela finalmente chegou lá – aos 54 anos, e depois de várias indicações para o Oscar, Julianne Moore ganhou o prêmio da Academia. O ano passado foi glorioso para a atriz. Em Cannes, em maio, já recebera o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes, outorgado pelo júri presidido pela cineasta neozelandesa Jane Campion. Julianne ganhou por seu papel em Mapa para as Estrelas, o filme de David Cronenberg sobre os bastidores de Hollywood. Cronenberg dissecou a indústria, mas, depois, recuou e disse que o filme não era sobre Hollywood, mas era o seu Lobo de Wall Street – O Lobo de L.A.?

Há quase um ano, todo mundo dava como certo que Julianne voltaria ao Oscar, mas não foi pelo Cronenberg, e sim por seu papel em Para Sempre Alice, que estreia nesta quinta-feira, 12. Duas grandes interpretações premiadas em diferentes foros e um sucesso comercial (a franquia Jogos Vorazes), tudo isso no mesmo ano? Há tempos que Julianne vinha numa trajetória errática, alternando bons e maus filmes, como se tivesse perdido a capacidade de escolha e discernimento. Aliás, houve algo curioso nesse Oscar. Eddie Redmayne foi o melhor ator do Oscar por A Teoria de Tudo, mas ele também poderia ter vencido fácil a Framboesa de Ouro como o pior (ator) por O Destino de Júpiter. Julianne, a melhor por Para Sempre Alice, poderia ser também a pior – uma das piores – pela bruxa de O Sétimo Filho, baseado na série de livros, que estreia nas próximas semanas. Que diabos anda acontecendo com a Academia? É a consagração de um conceito – a interpretação para ser premiada.

Prova disso é que Julianne ganhou todos os prêmios importantes do ano por Para Sempre Alice – Oscar, Globo de Ouro, SAG Award, Bafta, Spirit -, mas o filme não foi indicado para nada mais, nem foi particularmente elogiado pelos críticos, exceto no quesito interpretação, e da protagonista. Adaptado do livro de Lisa Genova, conta a história de Alice Howland, uma linguista respeitada, que é diagnosticada precocemente com o mal de Alzheimer, aos 50 anos. Em geral, a doença aparece mais tarde. Para Alice, aparece num momento em que está no auge. De cara, logo no começo, ela sai para correr e perde o caminho de volta. É uma forma de introduzir o drama, mas ao mesmo tempo o fato carrega, em si, significados metafóricos, sendo o retorno ao lar, como é, um dos temas essenciais (com a segunda chance) do cinema de Hollywood.

A partir daí, Para Sempre Alice movimenta-se em duas frentes, íntima e dramaturgicamente relacionadas. Alice e o marido, interpretado por Alec Baldwin, preocupam-se com a possível herança genética para as filhas (Kristen Stewart e Kate Bosworth, particularmente boa), ela teme interromper a carreira e parar de lecionar. Tudo isso é bastante doloroso, e existe ainda a deterioração do quadro clínico. Como espectadores, não somos poupados de nada pelos diretores Richard Glatzer e Wash Westmoreland. Eles não parecem particularmente dotados. Apoiam o filme nos diálogos, sem fazer do dinamismo das palavras (das conversas) o centro de sua mise-en-scène. Ou seja, não são grandes diretores/dialoguistas, como o célebre Joseph L. Mankiewicz, de A Malvada. São mais medianos, e o que ajuda (salva?) é Julianne.

Fernando Meirelles, que a dirigiu em Ensaio Sobre a Cegueira, gosta de dizer que ela é o tipo da atriz focada. Na hora de filmar, transmuta-se e vira a personagem. Mas não faz o tipo obsessivo, neurótico, que fica o tempo todo na pele das figuras que cria. Por isso mesmo, por maior que seja o mergulho no interior das personagens, a experiência humana de Alice, sua degradação que não é só mental, mas física, não é só um trabalho de interpretação de Julianne, mas envolve também maquiagem e figurinos. Julie Anne Smith, que se tornou conhecida como Julianne Moore, nasceu em Forth Bragg, North Caroline, em 1960. De pais ingleses e norte-americanos, graduou-se em teatro na Boston University e iniciou a carreira como atriz na TV.

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Já tinha pelo menos quatro anos de muita atividade, em cinema e televisão, quando, em 1993, houve o estouro de Short Cuts – Cenas da Vida, de Robert Altman. No ano seguinte, ampliou seu prestígio com o papel em Tio Vânia em Nova York, de Louis Malle, que terminou sendo o último filme do diretor. Desde então, Julianne alternou uma carreira comercial em Hollywood com obras de maior ambição estética, que a transformaram numa das favoritas do público do circuito de arte. Para Sempre Alice foi sua quinta indicação para o prêmio da Academia. Mãe de dois filhos, além de atriz, Julianne é consagrada autora de livros infantis. Isso talvez a tenha tornado particularmente suscetível ao drama de Alice, que vai perdendo a memória e a capacidade de articulação das palavras.

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No Oscar, fez um agradecimento particularmente belo para o marido, Bart Freundlich, pai de seus filhos. Agradeceu-lhe por que Bart lhe deu um lar. Para bom entendedor, foi o que bastou. Julianne teve um casamento anterior com John Gould Rubin, que também era ator e desistiu da carreira, justamente no momento em que a dela decolava. No complicado processo de divórcio, ele foi à Justiça dizendo que a carreira da mulher era patrimônio do casal e exigiu tudo – pensão, indenização. Um inferno que Julianne Moore levou tempo para superar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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