Suellen Carey, influenciadora de 36 anos que vive em Londres, enfrentou um caso de discriminação ao ser orientada, em uma academia local, a seguir um plano de treino masculino. Ela relata que a experiência foi transfóbica, pois os profissionais da academia a instruíram a seguir um treino destinado a pessoas do sexo masculino, ignorando os efeitos dos hormônios no seu corpo e desconsiderando sua identidade de gênero. “Me trataram como se eu fosse qualquer pessoa cisgênero, passando um treino que não respeitava minhas necessidades como mulher trans e desconsiderava os efeitos da reposição hormonal. Preciso de um treino pensado para mim”, desabafa.
De acordo com a influencer, era seu primeiro dia naquela academia. Quando ela pediu ao instrutor uma série de exercícios, ele simplesmente indicou a mesma sequência que um homem estava executando ao lado dela. Curiosa, ela questionou o professor sobre a falta de personalização no treino e foi surpreendida com a justificativa de que “os corpos eram iguais”, por isso, não seria necessário adaptar a série.
Suellen observa que o universo das academias ainda carece de preparo para lidar com as necessidades específicas de pessoas trans. Segundo ela, profissionais de academias e centros de saúde muitas vezes falham em compreender as particularidades do corpo de uma mulher trans, especialmente em relação à musculatura e ao equilíbrio proporcionado pela reposição hormonal. “Eles não percebem que isso vai além da aparência ou do condicionamento físico; esses ajustes interferem diretamente na minha saúde e autoestima”, comenta.
Ela afirma que a transfobia presente em ambientes de treino torna essa jornada ainda mais desafiadora. “Nós também queremos nos sentir bem e sermos respeitadas nas nossas escolhas de autocuidado. É frustrante ter que explicar, várias vezes, que nosso treino precisa ser personalizado para respeitar as condições específicas que a reposição hormonal traz para o nosso corpo”, diz Suellen. Segundo ela, esse tratamento inadequado demonstra uma “desinformação que não deveria mais existir no meio fitness”.
Além do treino, Suellen chama a atenção para a importância da reposição hormonal, essencial para o equilíbrio e saúde do seu corpo. “A reposição hormonal é uma parte vital para minha saúde física e mental, mas me dói ver que isso ainda é tratado como algo ‘menos importante’ ou ‘frescura’ em muitos espaços”, afirma. Ela acredita que uma maior conscientização sobre o impacto dos hormônios ajudaria as academias a oferecer um atendimento mais humano e qualificado, adaptado às necessidades das pessoas trans.
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