Na vida privada, Branca (Nathalia Dill) é uma mulher com desejos como qualquer outra. Mas para a sociedade de Vila Rica, a vilã de “Liberdade, Liberdade” faz questão de posar de bela, recatada e do lar. Não resistiu a um amasso mais ousado na igreja com Xavier (Bruno Ferrari) nem esperou pela bênção do casamento para perder a virgindade, mas não pensou duas vezes antes de difamar Joaquina (Andreia Horta) por toda a cidade. Um poço de contradições e de hipocrisias, no fim das contas.
“Essa coisa do ‘bela recatada do lar’ é exatamente a Branca. Ela mostra o que todo mundo espera que ela seja, o que toda mulher naquela sociedade deveria ser. No fundo isso não existe, é uma montagem masculina do que deveria ser o feminino. A Branca critica a modernidade feminina, ela defende o machismo”, analisa a atriz.
Para Nathalia, o que motiva a personagem é se dar bem acima de qualquer coisa. “Mesmo sendo uma mulher que não tem direitos, cuja vida é um joguete em prol da economia da família, ela prefere assim. Ela quer ter os escravos dela, quer se casar, não quer a novidade como a Joaquina, que deseja a igualdade, a liberdade, a fraternidade. Branca é ativa, por mais que as mulheres da época fossem passivas. Ela tem essa modernidade, mas o que ela quer é retrógrado”, conta.
Após a primeira noite com o noivo, que promete se casar com ela, a filha de Luzia (Chris Couto) e Diogo (Genézio de Barros) é chantageada pela escrava Malena (Lucy Ramos), que encontra o lençol manchado de sangue e pretende tirar vantagem da informação.
“Agora ela tem um segredo, ela perdeu a única coisa de valor que ela tinha, a única moeda de troca que as mulheres tinham era essa. A ‘pureza’ era um domínio quase familiar, pertencia àquela instituição. Quando ela joga isso fora, dá um desespero. Ela realmente precisa casar, e não pode ser com outra pessoa”, conta Nathalia, que vê vários motivos para Branca ter tomado essa decisão. “Ela está com tesão também, eu gosto de colocar essa parte, é real. Mas também é uma forma de prender o Xavier, não deixa de ser um jogo”, analisa.
Se até agora Branca se mostrou uma pessoa mimada e sem compaixão, ela ainda vai aprontar muito. “Vocês não viram nada”, promete Nathalia, que, no entanto, sente uma certa simpatia do público pela vilã.
“Vejo muito pela internet gostam muito do humor dela, que não é uma personagem de comédia, mas tem uma comicidade. Numa cena ela está atacando o Xavier na igreja, na outra ela chega em casa como se nada tivesse acontecido, como se tivesse ido rezar, linda, tranquila, sem nenhuma questão. É mais como ela se porta em cada situação. Ela não se acha má, ela tem certeza de que Deus vai ajudá-la porque é uma pessoa de bem”, diz a intérprete.