“Estou adorando isso tudo. Achei a atitude dos autores de colocar um beijo da Fernanda e da Nathalia no primeiro capítulo sensacional. Não fico preocupado, em absoluto, a novela mostra o que está acontecendo no mundo, é um reflexo da sociedade. Os casais mudaram, a família tradicional não é mais a maioria. O papel da televisão é mostrar isso, e essa parcela mais ortodoxa da sociedade tem que olhar com mais carinho. Tomara que dê certo, espero que me vejam com a mente aberta”, torce o intérprete.
Ele admite que as críticas são esperadas, mas vê com otimismo a relação do público com a proposta da ficção, que tem ensaiado mostrar relações homossexuais com mais frequência e com naturalidade. “Estamos no século 21 e ainda tem gente racista, por exemplo. A gente não vai conseguir unanimidade. Mas acho que estamos caminhando a passos largos para a aceitação”, comenta ele, que comemora esse ponto fora da curva em sua carreira: “Estou saindo da minha zona de conforto, e isso é maravilhoso pra mim como ator. Que bacana fazer algo que nunca fiz, com essa trajetória completamente oposta”.
“Carlos acha que pode ser um escândalo no meio que ele vive, o esporte, e que isso pode prejudicá-lo”, afirma Pasquim. “Ele acha tão interessante, imagino eu, um cara que é tão bem resolvido como o Ivan”, analisa.
Para compor o personagem, Pasquim afirma que teve que fazer muita pesquisa. Além de assistir a filmes como “Praia do Futuro” e “Hoje eu Quero Voltar Sozinho”, o ator conversou com amigos que já passaram por uma situação semelhante à de Ivan: descobriram desejos por outros homens depois de terem sido casados com mulheres.
“Não é o meu universo, então achei legal descobrir como essas pessoas veem o mundo. Eles falam: ‘Nasci desse jeito’. Eles sempre se viram dessa forma e se privaram. Quando tiveram oportunidade, através de terapia, de conversas, sentiram-se livres para quebrarem esse tabu dentro da cabeça deles. Porque a pessoa dentro do armário cria um tabu na própria cabeça. Quando quebra, consegue ser feliz”, analisa.
Ator, direção e autores chegaram à conclusão de que a melhor maneira de criar Carlos Alberto seria um personagem sem trejeitos. “Mas não vou fazer um machão, porque seria outro estereótipo. Vou fazer um cara normal. O que a gente quer mostrar é o sentimento. Amor não precisa de trejeito”, diz Pasquim.
Acostumado a interpretar os famosos descamisados das obras de Carlos Lombardi, Pasquim agora passa o bastão para Thiago Martins, que na coletiva de imprensa da novela, brincou sobre o rótulo do colega, ao ser desafiado pelo diretor de núcleo Dennis Carvalho a tirar a camisa no evento. “Deixo isso para o Pasquim”, brincou Thiago, na ocasião. Em seguida, o diretor lembrou que “Babilônia” tem outros autores.
“Dennis foi muito feliz ao pontuar isso. Os atores fazem o que fazem, tiram camisa, deixam a barba, cortam o cabelo porque está escrito. Ninguém entra na cena e fala: ‘Vou tirar a camisa’. Aqui, o Thiago vai tirar camisa porque ele é nadador, está de sunga o tempo todo”, diz.
E o fato de transferir o posto para um ator mais jovem e assumir um papel mais maduro, pai de família, não o deixa preocupado com a passagem do tempo. “Tem papel pra todo mundo. Faz parte do amadurecimento da carreira. Não posso ser jovem pra sempre”, garante o ator, de 45 anos.