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Cinema

Filme segue acampamento de fãs brasileiros de Beyoncé e corre o mundo

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Já é de praxe. Toda vez que uma atração internacional do pop vem ao Brasil, os fãs se mudam de mala e cuia para o local do show semanas antes. Não foi diferente na última passagem de Beyoncé pelo país, em 2013. Seus “súditos” foram além e passaram a morar na porta do Estádio do Morumbi dois meses antes da apresentação.

Toda essa devoção está no surpreendente documentário “Waiting For B.”, que após passar por festivais estrangeiros, estreou no Brasil no último sábado (10), dentro da programação do Festival In-Edit, em São Paulo. O longa tem sua última exibição nesta quarta-feira (14), no CineSesc, mas volta ao Festival do Rio em outubro.

Essa “loucura” dos brasileiros, citada por nove entre dez artistas “gringos”, percorreu o mundo em mais de dez festivais — do Zimbábue a Roterdã (Holanda). Em Copenhague, onde fez sua estreia mundial no fim do ano passado, foi acompanhado por uma plateia jovem que esgotou a sessão. “Com certeza eles não eram fãs do ‘cinema direto’ [conceito que defende a realidade no filme, sem didatismo]. Estavam ali porque se identificavam com aqueles fãs, ao mesmo tempo tão parecidos e tão diferentes”, conta o diretor Paulo César Toledo.

O cineasta paulista não era propriamente fã de Beyoncé quando ficou sabendo do movimento na porta do Morumbi. Passou pelo local apenas por curiosidade e acabou ficando pelo mesmo período. “Percebemos que tínhamos um filme ali”.

Acompanhado da mulher, Abigail Spindel, que também assina a direção e montagem, decidiu acompanhar aqueles dois meses com uma câmera pequena e microfones discretos. Foi recepcionado com festa em meio a uma ventania que fazia voar as barracas. Sacou ali o que significava aquela comunidade improvisada.

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“Era um público razoavelmente homogêneo. Negro, de periferia. Os meninos todos eram gays. Isso foi chamando a atenção. Consciente ou inconscientemente, eles foram criando uma comunidade com pessoas que sofrem preconceitos por tantas razões diferentes”, comenta.

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Acostumados com a ida de jornalistas ao local, os personagens logo fizeram verdadeiras performances em frente à câmera. Mas o desafio foi exatamente o oposto:
“Queríamos nos infiltrar. Eles são artistas natos. Nasceram para fazer um filme, mas eu queria que eles não percebessem a câmera e deixassem de atuar”, observa Toledo.

Punks

Com essa imersão, o longa se torna um estudo perspicaz das questões étnicas e sexuais desses jovens – e de como a cultura LGBT e o senso de comunidade entre eles se torna essencial para segurar a bronca do dia a dia.

Mila Maluhy/Divulgação

Filme segue acampamento de fãs brasileiros de Beyoncé e corre o mundo

Três anos depois do show de Beyoncé, os personagens assistiram a primeira exibição do filme no Brasil no CineSesc, em São Paulo

Dentro das barracas, as discussões vão desde a ausência de heteros na fila, à negritude de Beyoncé, antecipando o tema que estaria em seu mais recente disco, “Lemonade” (2016). Alguém questiona: afinal, ela é ou não negra? “Ela é uma negra loira, bi, não pode?”, rebate um dos personagens.

Do lado de fora, o casal acompanha um pouco da vida daqueles personagens: do dançarino que sonha em dividir o palco com Beyoncé à cover da cantora, que acorda de madrugada para ensaiar as coreografias. Todos eles lutam para manter os empregos regulares e aguentar os gritos de “viado”. “Ininterruptamente, alguém passava gritando ou buzinando na frente do estádio”, diz o cineasta.

“Existe uma coisa de desesperança neles. Embora tenha seus momentos de graça, eles acham que o Brasil não dá oportunidade para seus talentos. É uma geração ‘no future’. Eu brinco que se o Brasil tivesse criado o punk, os jovens negros, gays, de periferia, seriam os mais corajosos da juventude. É o punk da década 2010”, acredita Toledo.

Com o gasto do filme resumido apenas ao café que os diretores tomavam à tarde perto do estádio, só faltou mesmo a presença da estrela responsável por tudo aquilo.

A equipe chegou a enviar uma cópia do filme para um agente de Beyoncé em Los Angeles, mas nunca teve resposta. “Nós brincamos que temos certeza que ela assistiu e em seguida fez o ‘Lemonade'”, diz o diretor.

SERVIÇO:

“Waiting For B”
Festival In-Edit
14/09, 14h30, Sala SPCine Olido

Festival do Rio
De 06 a 16 de outubro de 2016
Datas e horários serão divulgados em breve

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