Há exatos 35 anos, no dia 17 de novembro de 1980, as lojas de discos recebiam aquele que seria o último disco de John Lennon lançado com o ex-Beatle ainda vivo.
Na verdade “Double Fantasy” é um disco feito em dupla. Lennon cantou e compôs metade de suas faixas e sua esposa Yoko Ono, ficou responsável pelo restante das músicas.
Como era de se esperar, muitos fãs não gostaram de tal escolha artística, preferindo que o disco trouxesse apenas canções de Lennon.
Por outro lado, o músico achava que as canções de Ono deveriam ser mais ouvidas naquele momento, especialmente porque elas eram músicas bem mais e simples, e mesmo pop, do que as gravações experimentais feitas por ela nos anos anteriores – com ou sem o marido.
Outro fato para tal escolha está no movimento punk, que, conscientemente ou não, fez muito uso de ideias já sugeridas por Ono. John havia se declarado um grande fã dos B 52’s exatamente por esse motivo e bandas punks, especialmente as lideradas por mulheres como as Slits, Raincoats ou X Ray Specs também pareciam ter bebido daquela fonte.
O disco marcou também o retorno de Lennon ao mundo da música, depois de cinco anos vivendo longe dos holofotes, quando se dedicou a cuidar de seu filho Sean Lennon.
Isso explica o clima relaxado e otimista de suas canções – uma surpresa vinda de um dos compositores mais intensos de todos os tempos.
Isso pode explicar as críticas ruins com que o trabalho foi recebido na ocasião de seu lançamento. Com a morte trágica do músico menos de um mês depois – em 8 de dezembro – essas opiniões começaram a ser revistas e o disco ganhou nova – e triste vida.
Afinal era triste demais ver que quando finalmente parecia ter encontrado sua paz interior, a se julgar por essas músicas, Lennon acabou assassinado.
Ainda assim, havia quem torcesse o nariz para a sonoridade do álbum, com seus valores de produção tipicamente oitentistas – com muito eco, e uso de teclados eletrônicos.
A solução para tal “problema” se deu em 2010 quando uma versão mais crua – e no geral bem superior – do disco chegou ao mercado.
“Double Fantasy” não foi um sucesso imediato. Na Inglaterra ele estreou na 14ª posição e logo caiu para a 46ª. Nos EUA ele não tinha ido além do 11º posto. Depois do assassinato as coisas rapidamente tomaram outro rumo e o o trabalho foi para o topo de ambas paradas.
Relembre agora três dos grandes hits do álbum:
“(Just Like) Starting Over“
O primeiro single do álbum, mostrava que John Lennon chegava aos 40 anos com fôlego e otimismo renovado. a canção, uma das mais ensolaradas e bonitas já escritas por ele, falava sobre a necessidade de um casal estar sempre em renovação buscando um retorno para os primeiros dias da paixão. O clima da canção, bastante nostálgico que remete às baladas românticas dos anos 50, combina perfeitamente com essa mensagem.
A faixa chegou primeiramente ao sexto lugar nos EUA e ao oitavo no Reino Unido. Depois da morte de Lennon ela foi para o número 1.
“Woman”
Lançada em single depois do assassinato do músico, ela chegou ao topo da parada no Reino Unido e na vice-liderança nos EUA (pela parada da Cashbox, que na época concorria com a Billboard, ela foi número 1).
Uma de suas baladas mais belas e intensas, “Woman” rapidamente se tornou uma espécie de hino romântico universal. Uma boa razão para isso está no fato de apesar dela ter sido escrita para Yoko Ono, Lennon não cita nominalmente a esposa nessa canção, o que, sem dúvida ajudou a aumentar o seu alcance e perenidade.
“Watching The Wheels”
O terceiro, e último, single retirado do álbum é essa singela faixa com uma melodia adorável e letra que fala sobre os anos em que ele decidiu se afastar de sua carreira. A música chegou no top 10 americano e ficou entre as 30 mais da Grã Bretanha.
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