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Cinema

Mateus Solano vive juiz com ares de Sérgio Moro em novo filme

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No filme “Em Nome da Lei”, Mateus Solano interpreta um juiz idealista, que chega a uma cidade disposto a acabar de vez com um esquema mafioso que domina a região. Obstinado e arrogante, ele é capaz de usar métodos discutíveis em sua busca algo messiânica pelo combate ao crime, atraindo admiração e ódio por onde passa.

O cartaz do longa, dirigido por Sérgio Rezende (de “Salve Geral”), diz que a história se inspira em fatos reais, e não seria de admirar se o espectador pensasse que a figura na qual o protagonista se baseia é a de Sérgio Moro, o juiz que ficou famoso ao conduzir a operação Lava Jato. Mas apesar de semelhanças flagrantes, a verdade é que o filme foi escrito e rodado antes de Moro se tornar uma figura tão conhecida como é hoje.

A inspiração real é Odilon de Oliveira, juiz que conquistou um punhado de inimigos ao investir pesadamente em investigações contra o crime organizado na região fronteiriça entre o Mato Grosso do Sul e o Paraguai, que é onde o longa se passa.

O filme, que estreia nesta quinta (21), chega em uma semana crucial para o destino político do país. A trama aborda questões como a ética e a corrupção, detalhando o trabalho conjunto –e muitas vezes conflituoso– entre o juiz vivido por Solano, uma promotora de Justiça (Paolla Oliveira) e um delegado da Polícia Federal (Eduardo Galvão). Na avidez por deter a máfia de contrabando e tráfico de drogas comandada por Gomez (Chico Diaz), o juiz faz prevalecer seus métodos, muitas vezes se precipitando e metendo os pés pelas mãos.

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“Para o papel, eu busquei focar na questão humana do personagem”, disse Solano . “O senso de justiça dele e o fato de ser um juiz no topo se misturam com um ego inflado e uma vaidade muito grande. Então eu fui bem nessa direção, mais do que procurar [julgar] o que é justo e o que não é nas atitudes dele”.

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Mesmo com tantos paralelos com personagens e situações atuais do país, os atores preferem não marcar posição. Sobre o modo controverso de o juiz Sérgio Moro conduzir as investigações da Lava Jato, os atores evitam emitir julgamentos pessoais. “Eu vou dar uma de Glória Pires: prefiro não opinar [risos]”, diz o ator, acrescentando: “Sempre tem alguém que a imprensa pega para herói ou para bandido”.

Solano também não se posiciona explicitamente sobre ser contra ou a favor do impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Mas diz que corrupção é algo que sempre existiu na política brasileira e deixa claro: “A gente já sabe na nossa história que impeachment não é o que resolve. Está lá o Collor, para a gente saber disso”. Paolla Oliveira se restringe a dizer que se posiciona só “nessas questões que são comuns a todos, como ser contra a corrupção e a favor da lei”.

Já Solano acredita que o debate político recente tem sido prejudicado pela polarização das ideias, que ele vê como algo altamente negativo. “Eu acho que uma coisa bacana do filme é suscitar questões. Cada ser humano que for ver vai com seu senso de justiça pessoal. É isso que eu acho que está faltando: saber o que as pessoas pensam. Não quero saber se você é de direita ou se é de esquerda, mas o que você pensa, para a partir daí ver qual é o melhor caminho a seguir. A polarização é um dos grandes problemas para a gente chegar em um resultado bacana. É um dos grandes freios de mão de um Brasil mais justo”, diz o ator.

Para o filme, os atores tiveram que se informar melhor sobre o funcionamento das investigações criminais no país. Paolla revela que a preparação para o papel a ajudou a acompanhar melhor o noticiário recente, com as notícias envolvendo as ações do judiciário e da PF na Lava Jato. “A gente ouve muitas coisas e acaba não se aprofundando nelas. Foi curioso para mim entender que a promotora, o juiz e o delegado são uma equipe. São três forças e três decisões diferentes, e se uma não estiver de acordo, a investigação não caminha bem”, diz a atriz.

“O juiz [vivido por Solano] chega à cidade com uma posição de que é ele quem manda –na promotoria e na Polícia Federal. No meio do filme, ele já muda, porque entende que se eles não estiverem juntos não é possível fazer nada. Então, entender como se entrelaçam esses poderes, sabendo que eles são aliados, faz a gente compreender muita coisa que sempre aconteceu no país, mas que só agora está mais em voga”, conta Paolla.

“Em Nome da Lei” marca o reencontro em cena entre Solano e Paolla depois de “Amor à Vida”, novela de 2013 em que interpretavam os irmãos Félix e Paloma. A trama não tinha viés engajado, mas foi quando ela estava no ar que a política se tornou assunto bem mais presente nas conversas cotidianas dos brasileiros, principalmente após as manifestações de junho daquele ano. Desde então, muitas pessoas têm inclusive cobrado de artistas e famosos um posicionamento político que, no passado, muitas celebridades evitavam demonstrar.

“Acho que ninguém ‘precisa’ ter determinadas atitudes, na arte ou na vida”, diz Paolla. “A gente vive em uma democracia, em uma república. A gente faz parte dela, vive em sociedade, que a gente precisa conhecer e entender. Quanto mais soubermos disso mais vamos estar incluídos e saber do que estamos falando. Mas existe espaço para todos os artistas. Não é porque você não se posiciona que você não tem uma opinião”, diz a atriz.

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