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Cinema

“Documentários nunca estiveram tão próximos”, diz curador do É Tudo Verdade

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"Documentários nunca estiveram tão próximos", diz curador do É Tudo Verdade
Amir Labaki, crítico de cinema, jornalista e curador do do festival É Tudo Verdade

Apesar da crise, o festival “É Tudo Verdade” não diminuiu de tamanho. Desta quinta-feira (7) até 17 de abril, as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo receberão 85 títulos de 26 países. Para o curador Amir Labaki, o gênero é o que melhor se adaptou à revolução digital, à complexidade do mundo e nunca esteve tão próximo do público. “Da sala de cinema ao seu celular, você assiste a produção documental de uma maneira inédita. Nunca na história o documentário esteve tão perto da gente”, acredita.

E mais, em tempos de confusão, como agora, “os documentários funcionam como uma espécie de pausa iluminista. Paramos e assistimos um documentário em que a sensibilidade de uma pessoa filtra o mundo para gente”, diz ele.

Amir Labaki, crítico de cinema, jornalista e curador do do festival É Tudo Verdade

Parte deste papel de intermediar o entendimento da realidade é facilitado pelos serviços de streaming, como o Netflix, que facilitaram o acesso a um gênero que quase sempre chega aos cinemas de maneira tímida e fica pouco tempo em cartaz. Para se ter uma ideia, quatro dos cinco documentários indicados ao Oscar este ano já estavam disponíveis para streaming à época da premiação, sendo que dois deles eram produções originais do Netflix (“What Happened, Miss Simone?” e “Winter on Fire”). “É um player muito importante, mas vai ser ainda mais importante quanto mais ele se tornar um coprodutor efetivo de documentários localmente”, comenta Labaki.

O festival

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Neste ano, em sua 21ª edição, o festival falará de crises: a dos refugiados da Europa, desastres ambientais, heranças da ditadura.

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O destaque dessa edição vai para “Fogo no Mar”, de Giafranco Rosi, que abre o evento em São Paulo e aborda a crise dos refugiados a partir de uma ilha, na Sicília. O filme foi vencedor este ano do Urso de Ouro, o principal prêmio do Festival de Berlim.

Uma retrospectiva abordará a obra de Carlos Nader, que dirigiu filmes como “A Paixão de JL” e “Eduardo Coutinho – 7 de Outubro”. Os irmãos Walter e Wladimir Carvalho competem lado a lado na categoria de longas nacionais, e ainda haverá produções especiais sobre as Olimpíadas e em homenagem aos diretores Chantal Akerman, Ruy Guerra e Haskell Wexler.

A programação completa do festival está disponível no site do evento.

Que momento vive o gênero documentário no mundo?
Amir Labaki –
A revolução digital foi uma virada para a produção de documentários. Isso aconteceu em meados dos anos 1990, o que coincide com a história do festival. De todos os gêneros, esse é o que se adaptou melhor, é mais ágil e tem explorado melhor as histórias e os personagens. A vitalidade do documentário nos últimos anos mostra essa adaptação.

O interesse por documentários cresceu então nos últimos anos?
Sim. Em várias áreas e o cinema é uma delas. Na música, isso aconteceu com o rap e o hip hop. Na literatura, tivemos ano passado o primeiro Nobel para uma escritora documental, a Svetlana Alexijevich, e isso não foi à toa.

Por que isso está mais forte agora?
Isso transcende o cinema. O mundo está mais confuso e nós recebemos mais informações. Nosso acesso a informações do mundo se multiplicou. Com isso, o documentário tornou-se uma espécie de pausa iluminista para todos nós. Nós paramos e assistimos um documentário em que a sensibilidade de uma pessoa filtra esse mundo confuso para gente.

Qual é a importância de plataformas on demand, como o Netflix, para o gênero?
É um player muito importante, mas vai ser ainda mais importante quanto mais ele se tornar um coprodutor efetivo de documentários localmente. Não apenas quando estiver nos ajudando a ver os documentários do Oscar, mas quando estiver ajudando a produzir os grandes documentários brasileiros, franceses, moçambicanos, chineses.

O crescimento é restrito a essas plataformas?
Também há um fenômeno em salas de cinema. É interessante você lembrar que, na primeira edição do É Tudo Verdade, só havia dois documentários em sala [do circuito comercial de cinema]. No ano passado, tivemos 40 documentários brasileiros e 35 internacionais em salas. É uma mudança radical no circuito, que se abriu para isso. Da sala de cinema ao seu celular, você assiste a produção documental de uma maneira inédita. Nunca na história o documentário esteve tão perto da gente. Lembrando que há filmes que precisem da tela grande para você ter uma experiência completa.

Como a gente pode se aproximar mais da nossa produção?
Indo ao cinema. A maioria dos filmes que estreia no É Tudo Verdade chega no cinema depois do festival. A decisão de ver os filmes é sua, porque há muitas opções.

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