- Reprodução
Álamo Facó (Emanoel) e Grazi Massafera (Larissa) em cena de “Verdades Secretas”
O ator Álamo Facó apareceu pouco em “Verdades Secretas”, que termina nesta sexta-feira (25), mas sua participação definiu o futuro de Larissa, ex-modelo viciada em crack vivida por Grazi Massafera. Facó interpretou o missionário Emanoel, que tenta livrar a top model do vício. Para compor o personagem, ele comprou a Bíblia e se infiltrou em igrejas evangélicas. Defensor da descriminalização das drogas, o ator se inspira em seu irmão, ex-usuário de cocaína.
“Todo mundo me pergunta se ela vai se salvar ou não”, afirma Facó, em entrevista ao Popzone. O ator espera que a história de Larissa inspire usuários de drogas e famílias que sofrem com o vício: “Torço que pessoas estejam assistindo à novela e pegando a Grazi como exemplo para tomar decisões em suas vidas”.
Facó começou a se preparar para viver o religioso logo após ter sido convidado pelo diretor de “Verdades Secretas”, Mauro Mendonça Filho, com quem já havia trabalhado em “Amor à Vida” (2013). O ator, que diz acreditar em Deus e na ciência, visitou igrejas no Rio de Janeiro à paisana, sem mencionar que interpretaria um missionário.
Emanoel (Álamo Facó) leva Larissa (Grazi Massafera) para a igreja após tirá-la da cracolândia
“Entrei em dois templos evangélicos, conversei com ex-usuários, comprei a Bíblia, li o Novo Testamento e varri a internet”, conta. O ator também procurou referência no pastor Amílton Babão, ex-usuário de drogas, para fugir da figura conhecida do pastor que berra nas igrejas e em cultos ao ar livre.
“Fiz questão de compor um cara que já passou por aquelas situações, que conhece a rua. Isso foi fundamental para achar o tom ameno que um pastor pode ter. Nem sempre ele precisa chegar gritando e impondo a palavra de Deus”, explica.
Apesar de ter frequentado igrejas evangélicas e se inspirado em um pastor, Facó ressalta que em nenhum momento da novela a religião do missionário Emanoel é revelada: “Ele tem referências da igreja evangélica, dos crentes, mas isso não é dito claramente. É indicado, mas não está no texto”.
“Lei vai evitar muitas mortes”
Álamo Facó convive diariamente com o drama das drogas dentro de casa. Seu irmão mais velho luta contra o vício em cocaína e já chegou a ser internado. Atualmente, faz tratamento particular e na rede pública de saúde, e vive bem. Para o ator, a solução está na aprovação da lei de descriminalização das drogas, que está em pauta no Supremo Tribunal Federal.
“Tenho um irmão dependente químico, que é meu melhor amigo. Cresci com ele no mesmo quarto. Ele começou com um quadro que não dava para diagnosticar se era dependência química. Hoje o diagnóstico dele é esse. Ele e eu somos totalmente a favor da descriminalização das drogas. A lei que está sendo discutida este ano vai evitar muitas mortes e muitos problemas para o país, porque há muito dinheiro envolvido por trás, por isso não se descriminalizam as drogas”, defende.
Sobre casos como o de Larissa, Facó acredita que, além do trabalho dos missionários que circulam pela cracolândia, região com alta concentração de usuários de crack no centro de São Paulo, o dependente químico têm condições de diminuir o consumo da droga aos poucos, porém precisa ter vontade de viver.
“Em alguns casos, a redução de danos [em que o dependente usa quantidade limitada da droga] é a melhor medida. Em outros casos, não tenho a menor dúvida que dá para largar o crack. Tenho pessoas próximas que já ficaram um mês usando e conseguiram se safar dessa. Estou falando de pessoas que têm força de vontade, amor pela vida, amor por um ofício, um esporte, que não estão voltadas apenas para uma autodegradação”, afirma.