Há anos o documentarista francês George Gachot vem dedicando seus filmes à música brasileira. Após investigar o universo de Maria Bethânia [em “Música é Perfume”] e Nana Caymmi [“Rio Sonata”], o cineasta descobre, enfim, o próprio samba.
Seu novo documentário, “O Samba” — cujo trailer é divulgado em primeira mão ao UOL –, investiga a natureza e a poesia do gênero, muitas vezes abordado de maneira tradicional e fetichista pelos “gringos”. Não à toa, Gachot manteve o samba distante de sua vida por sentir que o objeto a ser estudado era um “clichê”.
“A música brasileira sempre me trouxe uma emoção muito grande, que nunca saiu da minha cabeça, mas até então o samba nunca havia sido exatamente meu gosto”, comentou o diretor ao UOL. “Parece negócio de turista. Mas eu tinha uma ideia errada. Martinho me mostrou esse outro lado da poesia”,
Martinho da Vila e o diretor francês George Gachot em visita à quadra da escola da Vila Isabel
Se Bethânia e Nana colaboraram para o diretor abrir os caminhos do novo filme, o sambista Martinho da Vila serve como uma espécie de guru para o estudo.
Ele é o personagem central do filme, apresentando a Vila Isabel para o francês, mas o longa não é sobre ele. “Martinho fala do tempo, do amor e das canções. A grande pergunta é o sentido da beleza, é o não esse lance da morena de bunda grande”, observa o diretor.
Embora não negue o caráter de ‘filme para gringo ver’, o francês observa: “O filme tem mostrado um lado que surpreende também os brasileiros”.
Intercalando produções no Brasil com outros projetos internacionais, Gachot revela que ainda há muito que mostrar da música brasileira. “Queria muito fazer algo com João Gilberto. Seria um sonho”
Com depoimentos e apresentações de outros artistas, como Leci Brandão e Ney Matogrosso, “O Samba” estreia no dia 3 de setembro.
