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Televisão

‘Chacrinha – O Musical’ mostra como o Velho Guerreiro mudou a televisão

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No processo de criação de Chacrinha, Stepan Nercessian evitou consultar vídeos e outros documentos. "Só recorri a eles quando o personagem já estava construído, apenas em busca de detalhes", comenta o ator, que impressiona pela fidelidade nos gestos e tom de voz – Stepan exibe a mesma forma miúda de andar do Velho Guerreiro, os abraços abertos para a plateia, a voz rasgada ligeiramente rouca e até minúcias, como a forma de acertar os óculos no rosto.

"Chacrinha obrigou a televisão brasileira a encontrar uma nova linguagem graças às novidades que trouxe em seu programa", observa Stepan. "Na Buzina do Chacrinha, a câmera não ficava presa no tripé, pois tinha que correr atrás dele, que se movimentava por todo o palco. Ele distribuía afeto para a plateia e o público de casa. Era a personificação de um Brasil livre, solto."

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A divisão em dois atos do musical serve para mostrar a mudança radical na vida de José Abelardo Barbosa de Medeiros, o pernambucano que não concluiu o curso de medicina para se tornar locutor na Rádio Tupi do Rio, em 1939, até se consagrar como Chacrinha, grande comunicador que logo chegou à TV, fantasiado, com uma buzina estridente pendurada no pescoço e sempre disposto a jogar, sem cerimônia, objetos no auditório, de bacalhau a farinha.

"O primeiro ato mostra justamente essa transformação", conta Leo Bahia, que vive o jovem Abelardo. "É como se uma tela branca fosse, aos poucos, pintada com elementos extravagantes como buzina, abacaxi, até se transformar em um retrato vivo no segundo ato." Jovem notável que despontou com uma versão descompromissada de The Book of Mormon, Bahia lembra que moldou seu personagem a partir de observações de como Stepan compunha o seu. "Era importante o público notar as pistas que explicam como Abelardo se transformou em Chacrinha."

Essa transição mostra também como a ansiedade se tornou cada vez mais constante na rotina de Chacrinha, a ponto de torná-lo um homem extremamente raivoso fora de cena, disparando palavrões e ofendendo as pessoas. Um dos alvos principais foi José Bonifácio Sobrinho, o Boni, responsável pela implantação do padrão Globo de qualidade, que alçou a emissora à liderança no Brasil, mas que, muitas vezes, divergia em opiniões com Chacrinha – o musical mostra constantemente eles trocando ofensas.

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"Eram dois perfeccionistas que buscavam a mesma finalidade, mas por caminhos distintos", acredita Stepan. Ele conta que Boni assistiu a um ensaio, antes da estreia no Rio, no ano passado. "Foi muito generoso, não mudou nada, mesmo que seu personagem apareça, muitas vezes, como um vilão. Na verdade, Boni sugeriu uma cena, que foi incluída: a conversa dele com Florinda, mulher do comunicador, que resultou na reaproximação dos dois.

Com um orçamento de R$ 12 milhões, a montagem é assinada pela Aventura Entretenimento, maior produtora de musicais do País, e comprova o que foi dito, nos anos 1970, pelo filósofo francês Edgar Morin – em visita ao Brasil, ele assistiu ao programa de Chacrinha. Com o dom do improviso e senhor de uma alegria circense, o apresentador impressionou o intelectual estrangeiro, que elegeu o anárquico animador de plateias um fenômeno da comunicação em massa.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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