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Cinema

ESTREIA–Comediante Bill Murray compensa a previsibilidade de “Um Santo Vizinho”

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SÃO PAULO (Reuters) – Na comédia “Um Santo Vizinho”, Bill Murray parece fazer pela milionésima vez o mesmo personagem: sujeito de meia-idade, rabugento, mas descolado, pouco se importando com o mundo – tudo isso para esconder uma tremenda solidão. Ainda assim, é difícil resistir a ele – ao filme, nem tanto, que pode ser visto como uma versão cômica de “Grand Torino”, drama de e com Clint Eastwood, no qual ele interpretava um sujeito reacionário que acaba simpatizando com vizinhos imigrantes.

Vincent, interpretado por Murray, é mais ou menos isso aqui. Solitário, mas sem dar o braço a torcer, sua companhia mais constante é uma russa a quem se refere como uma “dama da noite”, chamada Daka, e interpretada com empenho por Naomi Watts. Seguindo a cartilha da previsibilidade, o diretor e roteirista Theodore Melfi introduz um elemento externo para abalar o mundo do protagonista.

Maggie (Melissa McCarthy, distante do registro cômico que fez sua fama) muda-se para a casa ao lado com o filho pequeno, Oliver (Jaeden Lieberher). Mãe divorciada, começando num novo trabalho, ela não pode recusar quando pedem para ficar até mais tarde no hospital onde trabalha. Sobra para Vincent cuidar do menino – primeiro por acaso, depois por dinheiro, pois cobra mais barato do que uma babá.

Segue o que se espera: Oliver é o menino em busca de um pai (já que não tem contato com o verdadeiro, que traiu a mãe), ele é frágil (apanha na escola) e passivo (aceita as agressões calado). Vincent é o que faltava na vida do garoto, que também é o laço de afeto ausente na vida do protagonista. O círculo se fecha, todos aprendem grandes lições para a vida e são felizes e amigos para sempre. Antes disso, Melfi faz um desvio a um hospital para inserir um pouco de drama, que logo se transforma em comédia novamente.

Apesar de toda a previsibilidade, assiste-se “Um Santo Vizinho” com um certo prazer. Não apenas por causa da Murray. Melissa mostra que também é capaz de fazer muito bem um papel dramático, bem distante de qualquer exagero. O jovem Lieberher também contracena de igual para igual com Murray – prova de que Melfi é um bom diretor de atores. Falta a ele lidar melhor com a construção das cenas, que, em alguns momentos, parecem mais forçadas do que orgânicas.

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(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)

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