Por Patrick Graham
LONDRES (Reuters) – Após sete décadas de carreira, a atriz já premiada com o Oscar Judi Dench é tão avessa à ideia de aposentadoria quanto a personagem que interpreta no seu mais recente filme.
“O Exótico Hotel Marigold 2” renova nossa familiaridade com uma lista de hóspedes composta por recém aposentados britânicos, cuja paixão pela vida é revigorada ao se verem jogados num ambiente imprevisível.
Detentora do título não oficial de atriz favorita da Grã-Bretanha desde muito antes de ter completado 80 anos em dezembro, Dench interpreta Evelyn, uma viúva que acaba montando um negócio em sua nova casa.
O filme oferece um misto de temáticas britânicas e indianas, com toques remetentes a clássicos da comédia britânica como as séries de TV “Fawlty Towers” e “One Foot in the Grave”, e é dominado pelas irreverentes personagens interpretadas por Dench e a também octogenária Maggie Smith.
A experiência delas está a galáxias de distância do destino sombrio e monótono que, segundo Dench, aguarda a maioria dos britânicos como residentes em asilos.
“Eu sempre achei que nosso sistema aqui é errado”, disse ela à Reuters. “Quando você entra e vê as pessoas somente sentadas, você pensa que não há estímulos.”
“É a interação com pessoas que nos estimula. Colocar todas essas pessoas em uma sala, onde talvez a televisão deva estar ligada, mas a metade delas pode nem estar apta a assisti-la. Isso é errado”, afirmou Dench.
Ela tem conseguido contornar os problemas com a redução da visão e diz ter ainda muito trabalho a fazer.
“Estou bem se sei onde tudo está”, disse ela. “Em casa eu sei onde dar todos os passos. Não estaria bem ao entrar em uma sala escura, como em um cinema, onde não posso ver onde piso, então pego alguém para me acompanhar”, acrescentou.
Dench fez sua estreia nos palcos nos anos 1950 e pela maior parte de sua carreira como uma figura de destaque no teatro shakespeariano, ela e seu marido Michael Williams administraram um lar com uma filha e três dos seus quatro pais.
Ela enxerga traços dessa convivência de várias gerações no contexto indiano subjacente ao seu novo filme e disse que a Grã-Bretanha tem muito a aprender de comunidades em que “a família é mantida inteiramente junta, onde há uma unidade familiar”.
“Como sociedade ainda somos um tanto frios”, afirmou a atriz.
“É apenas uma questão de estímulo, eu acho. Sou uma defensora de não parar, apenas seguir e ser desafiada. Tenho vontade de fazer… o tipo de coisa que ainda não fiz antes. E farei.”