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Televisão

Boni critica novelas da Globo: “ficou muito solto, experimental”

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BoniO que uma novela precisa ter para atrair a atenção do público? Bons diálogos, um retrato fiel da realidade, vilões e mocinhos, comédia, drama? A questão surge em meio a baixa audiência de “Babilônia”, principal produto dramatúrgico da Globo, e também diante de uma crítica levantada por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni. Em entrevista ao “Meio & Mensagem”, publicação especializada em publicidade e mídia, o ex-diretor da emissora afirmou que a teledramaturgia da emissora abandonou algumas características “clássicas” e “do ponto de vista de conteúdo, ficou muito solto, experimental”.

Novelistas concordam com críticas de Boni, mas não abrem mão da inovação
Os autores de “I Love Paraisópolis” Mario Teixeira (à esq.) e Alcides Nogueira

Para o novelista Alcides Nogueira, que dia 11 de maio estreia a comédia romântica “I Love Paraisópolis”, próxima trama das sete, Boni tem razão em sua análise, mas ele também relembra o caráter “ousado” do colega: “Ele nunca teve medo, é um criador”. Na década de 70, o ex-diretor modificou a teledramaturgia da emissora e pediu que os novelistas retratassem o cotidiano do brasileiro. Na época, ele foi responsável pela contratação da autora Janete Clair (“O Astro”, “Véu de Noiva”) e do diretor Daniel Filho (“Irmão Coragem”, “Pecado Capital”).

“Folhetim é básico, não dá para fugir. Estaremos em 2065, completando 100 anos de Rede Globo, e o folhetim estará presente”, afirmou Nogueira. Por outro lado, o autor acredita que as novelas precisam sim inovar em conteúdo, mas não podem perder os pilares que fazem o gênero ser sucesso no Brasil, ou seja: mocinho, mocinha, vilão, uma história de amor e um final feliz.

Novelistas concordam com críticas de Boni, mas não abrem mão da inovação
Mari (Bruna Marquezine) e Danda (Tatá Werneck) na Times Square em Nova York, nos EUA

“Na verdade, temos que promover um casamento entre o folhetim clássico –que é uma coisa muito nossa, o qual telespectador conhece e o brasileiro gosta–, mas, claro, temos que ir agregando valores novos que vão aparecendo. Não dá para ficar parado no tempo. Hoje, há novas mídias, a moçada está com a cabeça em outro lugar… O que funciona é a junção do clássico com as novidades que estão por aí. Claro, que tem que ter o bom senso de equalizar os dois. É preciso saber até onde pode ir com a novidade, onde você recua”, afirma ele que será responsável por apresentar a favela como protagonista de uma trama pela primeira vez na TV.

Parceiro de Alcides, o autor Mário Teixeira acredita no encontro do antigo com o novo e em uma narrativa estruturada, que contemple as características da fantasia da novela e ao mesmo tempo traga discussões sobre dia a dia.

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Folhetim é básico, não dá para fugir. Estaremos em 2065, completando 100 anos de Rede Globo, e o folhetim estará presente afirma o autor Alcides Nogueira

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Novelistas concordam com críticas de Boni, mas não abrem mão da inovação

“Nossa novela tem muita novidade, mas se baseia no conceito dos folhetins do século 19 [histórias que contemplam o romance, a ficção e a prosa]. A gente quer retomar isso que ele [Boni] sente falta As novelas procuram se adaptar ao tempo, ainda mais agora, com os seriados americanos que estão ‘bombando’. As pessoas ficam influenciadas por aquilo. Mas a novela tem um conceito brasileiro, só o brasileiro faz e é capaz disso’, diz ele, que tem como objetivo em seu novo trabalho resgatar os valores da comédia das sete, que tem como precursores os autores Silvio de Abreu e Cassiano Gabus Mendes.

Teixeira, no entanto, não soube explicar a recusa do público com “Babilônia” e a consequente mudança no roteiro da história. “Não entendo porque ‘Babilônia’ teve uma baixa audiência. É uma história bem contada, com elenco excelente, interpretações maravilhosas, roteiro bem amarrado. É o mistério do público, a gente nunca sabe o que o povo espera. Só tentamos intuir e fazer da melhor forma possível”, conclui.

O que o povo quer?
Na TV há 20 anos, o ator Dalton Vigh retorna aos folhetins em “I Love Paraisópolis”, após uma pausa de três anos.  Para ele, a fórmula que define o sucesso de uma novela é uma incógnita, mas acredita na inovação como um possível caminho para a sobrevivência da teledramaturgia.

“O público de televisão está mudando a cada dia e a Rede Globo tenta trazer produtos novos para estimular as pessoas, atrair novos telespectadores e também manter os antigos. Tem que existir uma mudança de linguagem, até porque é um produto que está vivo e está sempre se adaptando aos dias de hoje. Então, acho que nada mais natural que a emissora pensar em novas formas de se fazer televisão, fazer novela”, analisou.

Sobre “Babilônia”, o ator também defendeu os temas abordados, o enredo e mostrou perplexidade: “Não sei o que o povo quer! Estava achando o máximo”, lamentou.

Independente da linguagem e do formato, a veterana Françoise Forton, que estreou na TV em 1969, citou o carisma que a novela precisa despertar no público, seja a história mais água com açúcar ou mais reflexiva. “A novela precisa pegar, porque se isso não acontece não tem como segurar Ibope, não segura os capítulos. A gente pode ser moderno atual, sem perder a regra do folhetim”, concluiu.

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