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Cinema

“Plantão Médico” é fichinha: “Sob Pressão” mostra a realidade do SUS

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Esqueça a correria no saguão de emergência em “Plantão Médico”, ou os dramas da equipe de socorro de “Grey’s Anatomy”. As séries americanas sobre o universo médico são fichinhas ao lado do corre real que o filme brasileiro “Sob Pressão” mostra a partir desta quinta-feira (17).

A inspiração também passou longe da TV – embora o que se vê na tela grande pareça um excelente piloto para o gênero. O plantao-medico-e-fichinha-perto-da-rotina-de-guerra-em-sob-pressao-1479306258682_615x300hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, estava cercado por policias, em prontidão para evitar o resgate de dois suspeitos internados. Na ficção, os personagens dão de cara com uma situação semelhante.

“Não queríamos fazer uma denúncia, porque a denúncia já está no jornal todo dia”, explica o diretor Andrucha Waddington (de “Eu, Tu, Eles” e “Casa de Areia”), diante da notícia que havia acabado de ler no celular. “Queríamos levantar a discussão. É um recorte muito cruel, não tem maquiagem”.

Inspirado no relato do médico Marcio Maranhão, que passa a limpo os 10 anos a que se dedicou ao Sistema Único de Saúde (SUS) no livro “Sob Pressão – A Rotina de Guerra de Um Médico Brasileiro”, o filme retrata um ambiente de guerra, dentro e fora. Geograficamente, o hospital do longa está na linha de fogo entre traficantes e policiais. Nas internas: poucas alas, material defasado e estrutura precária.

Da experiência de Maranhão nasceram personagens fictícios, mas que existem em cada hospital público: o diretor que resiste ao caos (Stepan Nercessian), o médico viciado em remédios (Julio Andrade), a profissional novata, vinda do Médicos sem Fronteiras, no Haiti (Marjorie Estiano) e o cirurgião que tenta conciliar a vida pessoal ao ritmo desenfreado do trabalho.

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“Nós vimos esses personagens todos em campo”, conta Maranhão, que levou a equipe para visitar hospitais e conversar com profissionais da área. “A realidade é bem pior.”

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As filmagens aconteceram em ritmo de guerrilha, em apenas 18 dias, e nos corredores de um hospital real, a Santa Casa de Misericórdia, em Cascadura, zona norte do Rio. Com 12 pavimentos, o prédio já teve capacidade para quase mil leitos no início do século 20. Hoje opera em torno de 20% de sua capacidade.

Mesmo sendo um hospital gerido por uma fundação, as paredes contam histórias. “Havia uma atmosfera doida, de vida e morte”, conta Julio Andrade.

No papel do neurocirurgião Evandro, que encara mais um dia de trabalho virado, Andrade teve que superar a paúra de sangue, ao acompanhar a rotina real de tantos médicos. “Tinha repulsa só de olhar. Me faz um pouco mal desde pequeno. Cheguei a desmaiar com dedo cortado. Para mim, foi um puta desafio”.

O drama do médico é toda transmitida pelo olhar. “Tinha muita história naqueles olhos que, durante a cirurgia, era a única coisa que eu via.”

Vida real

Os personagens começam o dia com a entrada de três pacientes em estado grave: um policial, um traficante, e uma criança de família rica, atingida por uma bala perdida. Em um hospital com duas salas cirúrgicas e leitos no corredor, a escolha de Sofia é feito ao pé da maca.

“O pai que é rico fica impotente. Todo mundo fica impotente”, explica Andrucha. “Fizemos uma sessão para médicos, e todos que trabalham em emergência, todos, sem exceção, passaram por essas questões. O hospital está ali para todo mundo. Se bater o carro, vão te levar para o hospital mais próximo.”

Para Maranhão, é necessário refletir sobre as ações do governo Federal que podem trazer um retrocesso na saúde. “É uma questão muito grave e preocupante frente às novas perspectivas que temos aí, essa eminência de transformação daquilo [o SUS]  que a gente conquistou na constituição de 1988, quando criamos o arcabouço da saúde publica. O SUS é um ganho, não é perfeito, mas é um bem comum a todos e deve ser pensado a sim.”

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