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Cinema

Ryan Gosling e Emma Stone espalham música e romance na abertura de Veneza

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    Ryan Gosling e Emma Stone espalham música e romance na abertura de Veneza
    Emma Stone e Ryan Gosling em cena de “La La Land”

     

O 73º Festival de Veneza começou nesta quarta-feira (31) em clima de romance e saudosismo, mas também com toques de transgressão. Todos esses elementos fazem parte do musical “La La Land – Cantando Estações”, do americano Damien Chazelle (de “Whiplash – Em Busca da Perfeição”), que abriu, pela manhã, a mostra competitiva. E que também deu o que talvez seja seu primeiro passo para uma provavelmente bem-sucedida temporada de prêmios em Hollywood.

Mesmo antes da estreia, o filme vinha sendo apontado como nome forte nas premiações americanas, que começam no trimestre que vem. O longa de Chazelle tenta aproveitar o caminho trilhado nos últimos três anos por “Gravidade”, de Alfonso Cuarón, “Birdman”, de Alejandro G. Iñárritu, e “Spotlight – Segredos Revelados”, de Tom McCarthy, todos exibidos em Veneza e, em seguida, bastante premiados nos EUA – alguns, inclusive, com o Oscar. Nome em ascensão em Hollywood, Chazelle, aos 31, parece ter sido escolhido a dedo pela curadoria do festival para dar prosseguimento a essa nova tradição veneziana.

A trama não tem nada de novo: é sobre uma garçonete (Emma Stone) que sonha em se tornar uma estrela de Hollywood. Ela conhece um aspirante a músico (Ryan Gosling), que só aprecia o jazz à moda antiga, mas que precisa viver de bicos tocando hits comerciais em restaurantes de gosto duvidoso. Há alguma tensão sexual entre os dois, que logo se apaixonam, vivendo um romance que será comprometido quando um deles alcançar o sucesso.

O filme é um manancial de referências cinematográficas, sobretudo aos musicais clássicos americanos. Mas não apenas – aliás, talvez seja um longa francês, “Os Guarda-Chuvas do Amor” (1964), de Jacques Demy, o grande eixo de inspiração sobre o qual a obra de Chazelle foi construída. “La La Land” traz o mesmo tipo de cores berrantes, um estilo semelhante de romance melancólico e até canções à la Michel Legrand (as músicas são de Justin Hurwitz, autor da trilha de “Whiplash”).

“Hoje em dia, mais do que nunca, precisamos de romance e esperança”, disse Chazelle, na coletiva de imprensa, justificando a escolha pelo gênero musical. “A música sempre me inspirou muito. No filme, mesmo nas partes sem canções, eu queria que também elas soassem musicais, como que em um grande continuo em que a música nunca parasse”, disse o diretor, ressaltando o cinema enquanto “linguagem dos sonhos”.

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“O filme não tem nada de cínico”, completou Emma Stone. “É sobre ter sonhos e esperanças e ir à luta para realizá-los. Os jovens de hoje são céticos demais. Tudo o que espero com esse filme é que os [jovens] que assistirem mantenham seus sonhos e trabalhem duro”, arrematou.

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O longa começa com um alucinante número musical em um engarrafamento de uma avenida de Los Angeles, todo filmado em plano-sequência (ou seja: um take sem cortes). Entre coreografias inesperadas e gente dançando em cima de carros, a cena traz pessoas “normais” que, de repente, se entregam à música no meio do congestionamento. Na letra, expressam sua vontade em se dar bem na capital mundial do show bizz. A cena arrancou calorosos aplausos da imprensa.

Mas depois, o filme se torna mais convencional – ao menos aparentemente. Os números musicais são pouco marcantes (e está aí o grande problema de se começar um filme de forma tão explosiva como aqui). Em muitos deles, chega a ser intrigante a falta de coreografias, mas quando finalmente vemos Stone e Gosling tentando sapatear e fazendo um desajeitado duo no Griffith Park, entendemos por que Chazelle as evitou o quanto pôde.

Mas é justamente isso um dos pontos mais interessantes do filme: o escapismo existe, mas pela metade. A vida real está sempre à espreita, seja no desajeito dos atores ao dançar e cantar, seja nas desilusões das personagens. O filme é uma grande fantasia, mas com os pés no chão; apesar do aspecto de faz-de-conta, traz elementos realistas, efeito que Chazelle diz ter procurado propositalmente.

“Quais as emoções do mundo moderno podem gerar música? É isso que eu quis fazer com o meu filme”, disse o cineasta. “Quisemos fazer algo poético a partir dos problemas reais das pessoas”, completou, deixando claro o cuidado para não fazer um musical fora de seu tempo, mas preservando a magia inerente a esse gênero cinematográfico.

Em “Whiplash”, Chazelle já havia mostrado ser é um cineasta de sentimentos fortes; o melhor do seu cinema está nos rompantes, nos excessos. Não é muito dotado para a leveza, o equilíbrio, e por isso mesmo “La La Land” funciona mal nas cenas mais delicadas, sutis. A primeira metade traz vários tropeços, mas o filme cresce muito em seguida e consegue forjar uma personalidade mais autêntica a partir da metade, quando os dramas dos protagonistas se intensificam. Termina como um belo musical com toques transgressores.

Na coletiva, Emma Stone fez questão de elogiar o colega de elenco Gosling, que não pôde estar em Veneza para promover o longa: “Ele conduz uma dança como ninguém”. E foi ainda mais efusiva nas palavras dirigidas ao diretor: “Damien é jovem, talentoso e também o diretor e roteirista mais colaborativo com quem já trabalhei. É sempre aberto a ideias. E isso sem perder sua visão de artista sobre o filme”, disse. Em seguida, como que notando um tom excessivamente elogioso em seu comentário, encarregou-se ela mesma de quebrar o tom solene: “Estou brincando: a verdade é que ele é um lixo!”. Os jornalistas gostaram mais dessa segunda linha de comentário e caíram na gargalhada.

No geral, “La La Land – Cantando Estações” parece ter causado uma boa impressão nos críticos. O longa já tem distribuição garantida no Brasil, com previsão de estreia para janeiro, época do ápice das temporadas de prêmios americanos.

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