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Televisão

Em “A Regra do Jogo”, Juliano flagra Zé Maria com a facção: “É um bandido”

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Diretores de novela não são deuses

Amora Mautner com Cauã Reymond nos bastidores de ‘A Regra do Jogo’ (Divulgação)

Estava aqui, lendo a coluna do Ricardo Feltrin sobre a pendenga entre os atores de ‘A Regra do Jogo’ com a diretora da novela, Amora Mautner. Como de costume, quando as coisas não vão bem no lar, começa a briga entre os familiares e sempre sobra para alguém. Agora foi para a direção.

Mas o que me chamou a atenção foi um determinado trecho no qual se lê: “Alguns atores e atrizes já se indispuseram com Mautner e discordam abertamente do rumo e do espaço cedido a seus personagens (negrito meu) ”. E fiquei aqui a pensar: desde quando diretor decide rumo e espaço de personagem?

Daí me lembrei de uma recente entrevista do diretor de ‘Verdades Secretas’, Mauro Mendonça Jr., em que ele dizia: “Humanizamos mais a Angel (Camila Queiroz). Passei a tratá-la não como uma garotinha inglesa que faz prostituição e não está nem aí. Passei a mostrar dor, culpa. Comecei a mesclar amoralidade com moralismo”. Ou seja, o diretor se arvora na condição de agente transformador da narrativa e do comportamento dos personagens.

Não é preciso ser um expert em teledramaturgia para saber que – a não ser que tenham escrito a trama – diretores não têm esse poder de ditar os rumos e atitudes de personagens. Escritores (os roteiristas) escrevem. Diretores, dirigem. Simples assim. Ou como diria o comentarista de futebol Juarez Soares em seus bons tempos: “atacante ataqueia e defensor defenseia”. E se os diretores estão tendo essa influência toda é porque alguma coisa está errada.

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Em 2013, em conversa com um roteirista norte-americano que estava ministrando um curso sobre Showrunner, ele se declarou surpreso com o poder que diretores têm na teledramaturgia brasileira. Para quem ainda não sabe, Showrunner é uma função obrigatória nas séries norte-americanas. Frequentemente ele é o roteirista criador da história e seu papel é coordenar o projeto, comandando outros roteiristas, produtores e escolhendo diretores. Segundo o palestrante, o diretor nos EUA é pago para executar o roteiro e ponto. Bem diferente daqui, diga-se.

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Claro, há diretores por lá que imprimem sua marca registrada. É o caso de Cary Fukunaga, que deixou evidenciado seu estilo na primeira temporada de ‘True Detective’. O talento de Fukunaga, por sinal, foi referendado pela recente produção do Netflix, o longa ‘Feras de Lugar Nenhum’.

Mas mesmo deixando sua marca estilística, o diretor não influenciou no destino de personagens ou história. Por aqui, a julgar pelo que se lê em declarações e loas tecidas a alguns diretores, estes são soberanos, quase deuses.

Antes do início de ‘A Regra do Jogo’, houve muito auê a respeito das bossas de direção que Amora Mautner iria introduzir na novela. Muitas câmeras espalhadas pela cena dariam um clima de reality à ação, foi dito. O fato é que não se notou lá muita diferença no ritmo e edição. Em termos visuais, pode-se dizer que ‘Verdades Secretas’ foi até um pouco mais ousada.

 

A televisão brasileira está mudando em ritmo acelerado. Não só em termos de audiência, mas na forma com que o público vem encarando a ficção. Pode ser que em um futuro não muito distante os diretores percam os poderes divinos e passem apenas executar o trabalho pelo qual são contratados, que é dirigir. Já seria o suficiente.

No Twitter: @telaplena

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