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“Queriam que Xica da Silva fosse uma branca que tomasse sol”, diz autor

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  • Alexandre Campbell/Folhapress

    "Queriam que Xica da Silva fosse uma branca que tomasse sol", diz autorTaís Araújo como Xica da Silva, em novela de Walcyr Carrasco em 1996

Alvo de críticas nas redes sociais depois que a atriz Flávia Alessandra divulgou uma imagem em que Marco Nanini aparece pintado de preto nos bastidores de “Êta Mundo Bom”, o autor Walcyr Carrasco diz que “a onda do politicamente correto se confunde com uma repressão às manifestações criativas”, garante que a cena vai ao ar sem alterações e lembra que foi pioneiro ao colocar uma negra como protagonista, em “Xica da Silva”.

Na foto, publicada por Flávia no começo do mês, o ator Marco Nanini, que interpreta o professor Pancrácio, aparece pintado de preto ao lado da própria Flávia e de outras atrizes do folhetim. A cena em que o personagem utiliza o recurso chamado de blackface para se disfarçar já foi gravada e vai ao ar nesta semana.
“A cena estava escrita e gravada. É inocente, de um humor ingênuo e não vejo motivo para mudá-la. Acho que os radicais estão ultrapassando as fronteiras da defesa de problemas que são, sim, existentes para partirem para um tipo de censura. Também crio personagens femininas para o Nanini. Seria o caso das feministas me atacarem para uma pretensa defesa da mulher?”, disse o autor em entrevista .
Na história, Pancrácio vive disfarçando para pedir esmolas. Walcyr chegou a discutir com internautas usando argumentações semelhantes. “Negro não é fantasia”, argumentaram alguns. Um rapaz afirmou: “Negro usado como boneco de chacota dos brancos. Nojo desse racismo camuflado”. Outro disse: “Blackface não tem graça. Racismo é crime”.
Reprodução/Instagram/flaviaalereal

"Queriam que Xica da Silva fosse uma branca que tomasse sol", diz autor

Nanini pintado de preto nos bastidores de “Êta Mundo Bom”

Depois de criticar o politicamente correto, o autor fez questão de lembrar aos internautas que foi primeiro autor a colocar uma atriz negra como protagonista, em “Xica da Silva”. A trama lançou Taís Araújo, foi exibida entre 1996 e 1997 na extinta Rede Manchete e teve grande sucesso.
“Na época, eu e o falecido diretor Walter Avancini lutamos muito para que a protagonista fosse uma negra. Havia na direção da emissora um grupo de pessoas que queria colocar uma branca que tomasse muito sol e fizesse o papel. Não aceitamos. Xica da Silva é um símbolo da luta dos negros. Jamais poderia ser uma branca”
“Amor à Vida”
Não é a primeira vez que Walcyr Carrasco sofre pressões deste tipo. Durante a novela “Amor à Vida” parte do público fez duras críticas ao autor porque a novela não tinha negros no elenco. Coincidentemente, dias depois após os questionamentos, a atriz Ana Carbatti entrou na trama para viver uma psicóloga. Ela alegou que já estava prevista de entrar na história muito antes da polêmica.
“Não teve nada a ver. A novela é feita com muita antecedência. As críticas vêm depois. A atriz já havia sido convidada”, completa o autor. Sobre “Êta Mundo Bom!”, o escritor faz questão de ressaltar: “Quero lembrar que na minha atual novela um dos principais personagens é Pirulito, um menino negro. Eu escolhi em homenagem a um dos maiores atores negros que o país já teve: Grande Otelo”.

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